sexta-feira, 16 de maio de 2008

Poeta maldito

Ai de mim, poeta maldito,
nas horas de sôfrego escárnio,
em que trôpego riso aflito
se constrange em dôr imoral.

Morte e pesar
no nascimento dos tempos,
momentos de amar, cirandantes,
que me iludem, delirantes,
aquando de os ter presentes.

Sentimentos inocentes,
fortes ventos,
turbilhão sensitivo
de tudo o que almejo.

Sinto o sangue no sexo,
elevando o desejo,
de te tocar com amor indecente.

Mas pensas demais,
e eu amo demais.

Quero deixar de sentir,
para simplesmente foder
e não ter de rir e chorar
e sofrer.

Masturbação

Sozinho no quarto
enquanto te penso,
fictícias sensações,
que confundo com vontades,
transformam momentos
de frio silêncio,
em ardentes horas do Hades.

Pouso as minhas mãos nos teus ombros,
e faço-as deslizar suavemente,
sentindo os contornos do teu corpo.

Envolvo-te num afago,
pele com pele,
qual tela de seda.

Os teus mamilos excitam-se,
encostas a nuca ao meu ombro
no momento em que os meus dedos,
serpentes, se enfiam na tua vagina.

Humedecem os lábios, quentes,
reviras os olhos,
desfrutas desse prazer sensual.

Beijas-me com a língua,
lambes-me a barriga, descendo
até eu sentir o membro na tua boca.

Reviro os olhos,
para depois os abrir.

Estou excitado,
estou irritado,
sozinho no quarto
nesta masturbação mental.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Quero-te

Quero levar-te ao meu mundo,
deixar-te conhecer a minha forma de vida
e saber que confias em mim.

Quero que estejas comigo
e que queiras ser levada
aonde eu te posso levar.

Quero que saibas
que não sou rei nem cavaleiro,
e que não conheço o mundo inteiro.

Quero mostrar-te apenas
aquilo que já vi e que percebas
a verdade do que existe em mim...

Quero mostrar-te um mundo longínquo
onde a sombra e a luz se completam
para dar existência àquilo que sou.

Quero que me vejas humano
para mostrar-te aquilo que me
faz vibrar quando te dou a mão.

Quero que compreendas o prazer
a vontade, a verdade,
o sentimento e a vida.

Quero que sintas como eu
e que desejes o que eu desejo também,
quando o movimento nos aproximar.

Quero escutar-te,
conhecer aquilo que procuras,
estar presente e contigo.

Quero mostrar-te um lugar que cabe na tua mão,
onde o clima é húmido e quente,
transpirado pela nossa dança.

Quero ver-te despida de roupagens,
sentir o teu cheiro em cada poro,
tocar-te como quem desenha.

Quero sentir o teu abraço,
apertar-te contra mim,
beijar-te com paixão e loucura.

Quero conhecer todo o teu corpo,
cada musculo, cada sinal,
traço por traço.

Quero beijar-te mais, amar
cada pormenor da tua existência...
Deixar-te frágil, enlouquecida.

Quero sentir os teus seios
na palma das minhas mãos.
As nadegas na minha bexiga.

Quero beijar-te o pescoço,
e ver-te contorcida
para me olhar nos olhos.

Quero que me desejes,
e ser paciente, demorado,
inocente e arrojado.

Quero que não duvides da minha verdade,
não quero que tenhas medo,
para que te entregues até à alma.

Quero ser deus e diabo,
e que os sejas comigo,
lamber-te o umbigo.

Quero sentir-me delirante
perder o controlo do corpo,
e penetrar-te profundamente.

Quero sentir-me quase desmaiar
no prazer do teu calor interno,
e lentamente recomeçar.

Quero sentir-te intensamente,
saber onde estás
e perder-me no mesmo lugar.

Quero sentir um prazer crescente
em cada partícula quântica de nós,
voar alto e profundo.

Quero compreender
o meu e o teu mundo,
sentir-me na crista da onda divina.

Quero aproveitar esse momento
e prolongá-lo indefinidamente
até tudo à nossa volta desaparecer.

Quero gritar contigo
a melodia do prazer,
ouvir-te gemer e amar.

Quero depois explodir internamente
no momento em que tu e eu somos
um ser, único em conjunção e fluência.

Quero que sintamos
do mundo toda a potência
e depois planar.

Quero que nos contenhamos,
nos olhemos mutuamente,
e saber que nos queremos.

Quero nesse abrir dos olhos
que sejamos o desabrochar
de uma flor campestre.

Quero saber que sou um ser terrestre
e de mãos dadas contigo,
lentamente aterrar.

Quero ver o teu sorriso
e que vejas o meu,
e desfrutar desse momento.

Quero depois levantar-me,
para chegar o teu tabaco de enrolar
e fazer um cigarro para os dois.

Quero depois fumar
e rir e estar contigo relaxadamente
até o nosso poema acabar.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Amor

Escrevo este poema, de coração aberto,

na mais complexa métrica que eu conheço,

para expressar o sentimento que não esqueço,

perpetuado num pensamento desperto.


Prevejo um caminho firme em chão incerto,

Solo do mundo que encaminha ao crescimento,

Andar de silêncio que acalma externo vento.

Eu e tu, Mariana, nosso amor: alento.


Fiquei acordado por querer que não te vás,

Perdi o medo à dor que me empurra para trás...

O sentimento mereçe o sacrifício


da pressão que a ardente vontade me faz.

Vou manter a firmeza sobre o bulício,

para que amar seja apenas o início...

terça-feira, 6 de maio de 2008

...sobre o que é novo

Sempre que encontro o amor, descubro
que nunca o havia encontrado...
tudo quanto amei com brilho rubro
é hoje um nunca haver amado.