Olho para a vida
que se afunila num sentido ininteligível
Não vejo futuro
não vejo escolhas
não vejo saídas
não tenho opções
só tenho a arte
E a arte alivia-me
mas faz-me sofrer
dá-me o mínimo para sobreviver
e limita-me o suficiente
como para não me ser possível
libertar das suas amarras
E o que seria eu sem ela?
Uma morte viva
uma vida sem alma
um corpo sem esperança
uma máquina sem sonhos...
Mas com ela sou mendigo
sou espera
um fazer que a nada leva
sou nada
Não sirvo para nada
nem para ninguém
e no entanto o que ainda faço
nem sequer é para mim
Faço o que faço
sei lá para quê
sei lá para quem
Para a humanidade - penso eu
Mas é uma ilusão
Para a posteridade - volto a pensar
Mas não acredito
E a dor de ser sem ser
espalha-se pelo meu corpo
pelo chão estendido
e o peso da inutilidade preenche-me as palavras
E a vida continua
Que bela merda!
Victor Rodrigues
Sem comentários:
Enviar um comentário