Faleceu a minha veia poética.
Morreu pálida, exangue e mirrada.
Se tivesse sido uma chama,
Ter-se-ia extinguido, mas não,
Era apenas uma pequena veia poética
Que existia junto ao meu coração romântico.
Antes de a não voltar a ver,
Presenciei o aspecto do seu rosto:
Uma criança muito branca, feliz,
Dentro de um caixão ebúrneo, fulgente.
De olhos fechados, como um anjo
Eternamente distante.
Despedi-me dela
Com um beijo na testa.
E nos meus lábios, para sempre
Se há-de manter viva a memória sensitiva
Da sua pele fria,
Que me enregelou o sangue e as veias.
(Em memória do pequeno Pedro)