quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Percepções...

Se sinto alegria ao acordar
é por este ambiente que me envolve.

Respiro as cores que me preenchem a alma,
que se dissolve entre o cheiro fresco da manhã.

Tenho um laço com este espaço,
pequeno mundo, projecção do meu ser,
sinto o seu abraço.

Vejo a transformação que em mim decorre
quando os sons me fazem vibrar,
ao acordar...

Toco sentimentos profundos,
de lumínico esplendor.

Caminho descalço num tapete
que me transporta para os sonhos,
faz-me lembrar eternos prados,
verdes relvados, toques de amor.

Vejo num fumegante pau de incenso
uma fogueira acesa ao relento,
um céu estrelado, canções da memória...

Sinto em cada cor uma história,
em cada textura um momento.
Tudo o que vejo me leva ao que penso.

Por isso,
quero acordar num mundo revibrante,
pleno de verdade em cada sentimento.

Quero sentir a exaltação da vontade
irrompendo incessante
qual nascente da criação.

Sempre,
em cada instante e percepção.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O contrato

As palavras condensam-se no meu peito
quero amar mas desespero
misturo o que sinto
e tudo se revolve num furacão
de devaneio...

Quero sair de mim,
cansei-me.

Não posso rescindir
no contrato de aluguer
deste corpo pesado...

Entregaram-mo puro e lavado,
mas eu estourei-o no asfalto e
tenho vergonha de o devolver assim.

Procuro as águas salutares
para me purificar.

Quero amar e ser mais alto.

Terei de esperar pela morte?
Talvez aí encontre a paz,
igualmente o esquecimento.

Ando em busca da eternidade
em cada momento,
no entretanto desta senda.

Por enquanto viverei.

Enfim,
terei de pagar a renda...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Segredo

Sob o véu que esconde os teus olhos
Reconheço o vulto de profundos enigmas…

E os devaneios…

Sorumbáticos devaneios que me invadem,
Sonhos arcanos e alheios,
Prenúncios áticos na intuição.

Sei lá de onde vêm,
Sei lá o que são…

São teares de seda que me enleiam
Num urdido de volúpias.

Tecido de desejo,
Mãos que me tocam
No sentir de um beijo.

Sob esse véu de cor anil
Profano e sagrado,
Escondes a doçura pueril
Do teu rosto,
E encobres teu corpo alado…

Compasso composto,
Melodia de um vento
Que escoa em alento doado.

Desvenda-te mistério
Perante o meu olhar atento.

Sou escravo desta busca
Pela pedra filosofal.
Sou eterno estudante
Da filosofia e da alquimia,
No intento de alumiar o oculto.

Quero descobrir o vulto.
Quero saber quem és.