quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O regresso

Olá amor,

Bem-vindo de novo a esta casa.

Depois de todo o tempo

Que passamos sem nos ver,

Sinto-te como na primeira vez…

Mas não,

No fundo eu bem sei

Que nunca nos separamos realmente.

É como se ambos

Tivéssemos estado nos mesmos lugares,

Do outro lado da rua,

Separados pela pressa das horas,

Ou pela abstracção das rotinas.

Curiosamente foi num lugar distante

Que nos voltamos a encontrar,

Na frescura dos sentidos

Em que as viagens nos envolvem.

Vem amor, abre a porta,

Areja esta casa com o teu viço e alvor,

Deixa entrar esta mulher que me quer bem.

E podes contar comigo para a arrumar todos os dias,

Porque quero que aí brilhes como o sol,

Em toda a nossa vida.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O caminho

Depois de haver cruzado esses desertos
Das noites frias e dos dias agonizantes,
Dos delírios – miragens – de esperança,
De toda a dor, da solidão e desconfiança,

Encontrei uma mão quente, humana,
Que me tocou e abriu os olhos cegos,
Que a areia fustigou na tormenta da ilusão mundana,
E lentamente a dor fechou no sonho - alienação.

Depois de o temporal haver passado
- Senti a vida a jorrar-me nas veias
Quando pleno me vim no teu ventre -
Descobri o caminho do amor.

(E agora que te encontrei, Marta, agora que estou aqui,
Percebo que valeu a pena todo o caminho que trilhei.
O sangue e as lágrimas não eram sinais da morte,
Eram provas de integridade que me preparavam para ti.

E aqui me tens, inteiro para te amar e para seguir em frente,
Para construir sonhos e levantar os pilares da nossa vida,
Para te dar a mão e dançar, sorrir e seguir sempre contigo,
Para te levar por esses campos e por esse caminho eternamente.)

domingo, 18 de abril de 2010

Espelho emocional

A cada dia que passa
Por mais que passe,
Ela passa mais sombria.
Andreia

A cada dia que passa
Por mais que passe,
Ela passa mais sombria
À candeia da vela,
Andreia sozinha
No quarto, fechada.

O que é que se passa
Andreia Maria?
Onde está a graça do teu rosto
Não vejo o dia de rever o sorriso,
Aquela alegria…

Andreia, sozinha…
Lágrima contida
Amargura no peito.

O meu amor não está
O meu amor não é…
Onde foi o amor,
Que me abandonou?

Sozinha nascida,
Sozinha e perdida.
O amor não está.
O amor não é…
A solidão apagou
A luz dos meus olhos
O peito vibrante,
Os lábios sorrindo.

Andreia,
Sozinha no quarto
Fechada nos livros
Escuta esta canção
Triste como a noite
Andreia solidão.

Só me restam os sonhos,
Só me resta a vida
Que continua
Ainda que o sol se encubra
Nas nuvens de tempestade
Sombria,
Andreia Maria
Fechada no quarto, sozinha.

A cada dia que passa
Por mais que passe,
Ela passa mais sombria.
Andreia

Sozinha nascida,
Sozinha e perdida.
O amor não está,
O amor virá!

domingo, 11 de abril de 2010

Enfrentamento

O sábio que governe os seus cavalos,
porque de hoje em diante
eu tomo as minhas redeas.

quarta-feira, 31 de março de 2010

A espera

A espera é como a morte,
a sua previsão.

É uma dor de querer
e não fazer.

É como a frustração
da incapacidade.

A morte é bem melhor,
porque não guarda sensações.

Mas a sensação de morte em vida
é a espera enquanto dura.

É como a preguiça ao despertar,
um estado que não é vida nem morte.

A espera não tem cura.
É permanecer em queda num abismo...

A angústia
é a menina dos seus olhos

A espera...
que acabe!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Motes

Viver a vida!
Aqui e agora!
Aceitar!
Despertar!

Altos motes,
pronunciados em prol da realidade.

Viver a vida é o que se diz ser
o melhor a fazer.

Mas para mim... Não!

Viver a vida,
pronunciando estes motes
em tom de questionamento.

Viver a vida?
Aqui e agora?
Aceitar?
Despertar?

Antes uma hora de sonho
do que uma vida inteira
a viver a realidade.
Este é o meu mote!

Antes uma hora de sonho!

E grito isto em tom de desespero,
em tom de raiva... Em tom de nojo!

Antes uma hora de sonho
do que um segundo que seja sem ele,
aqui na realidade.

Viver a vida?
Posso?

Deixa-me rir!

Viver a vida, sim,
mas tranquilamente,
atento,
em esquiva.

E sonhar, isso sim, em liberdade.