segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Aqui

Sim, sou eu, aquele que habita
as profundezas indivisíveis
da manifestação existencial.

Vim mas não sou igual.
Escolhi o caminho,
decidi a jogada
e pensei não voltar atrás,
mas todo o medo se arrastava
pesado e cansado comigo,
sugando-me a cor e a paz.

Desembarquei mais tarde contigo,
perdido e afogado num mar...
Estranho mar desconhecido
sem águas nem peixes nem algas nem ar.

Mar sem mar,
atmosfera vazia
tal como a vida que encontrei
despida da essência
de abarcar minha ausência.

Despertei em angústia
envolto em plena presença
deste eu abandonado,
sobriamente inacabado.

Ebriedade puríssima,
santissima trindade
contra quem erro,
por quem sigo trilhando
todo o caminho
que se me vai esfumando.

Enevoado pudor
terrível e desconsolado
que esconde o meu fulgor,
ofuscado por sombras
onde me encontro voando.

É aqui que sinto e que penso,
apreendo a essencia do ser e do não ser,
aprendo a viver.

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